Recebi uma mensagem
solicitando informações sobre o acabamento que utilizo nos trabalhos de
Marchetaria. Achando que poderiam ser úteis a outros resolvi pela postagem. Não
tenho a pretensão de postar um Tutorial, pois as técnicas são inúmeras e cabe a
cada um procurar aquela que entender mais conveniente para chegar ao resultado planejado.
COLAGEM DAS PEÇAS
MARCHETADAS NO SUBSTRATO:
- Na colagem dou
preferência à cola de contato (conhecida como cola de sapateiro). Não é a
melhor escolha, mas foi a que me adaptei. Com ela obtenho resultados mais
rápidos (tempo para mim é essencial - tenho apenas um dia da semana para
“Marchetar” – risos).
- Após a colagem se
faz necessário a limpeza dos resíduos deixados pela cola, fita crepe e fita
durex para embalagens, pois se não forem retirados, no processo de lixamento,
eles empretecem (danificando o trabalho). Primeiramente utilizo serragem
umedecida: com a mão esfrego sobre a área do trabalho e, após, retiro-a com um
pincel. Espero secar; A seguir, com um pano limpo e levemente umedecido com
solvente (levem o termo ao "pé da letra": “levemente umedecido”, o solvente é
absorvido pelos folheados e poderão enfraquecer a colagem), finalizo a limpeza
da área deixando a peça preparada para a raspagem (existem ferramentas especiais
para esta etapa).
LIXAS:
- Dê preferência às
lixas de qualidade (fazer economia nesse item é bobagem). Utilizo as lixas
d’água, elas possuem uma vida útil maior, possibilitando ganho na produtividade
(trocar lixas desgastadas na lixadeira orbital demanda tempo) e um acabamento
mais requintado.
O processo de lixamento pode ser manual.
Dou preferência às lixadeiras orbitais, pela rapidez, qualidade e por permitir passagens
sem preocupar-me quanto à direção dos veios. Neste processo vai prevalecer a
experiência e o resultado final que mais agrada. Isso virá com o tempo,
mediante análise dos resultados.
Inicie o procedimento com o grânulo que
entender necessário (para madeiras rústicas: Grânulos entre 60 e 120. Madeiras
trabalhadas ou folheadas: 150 ou 180). O Grânulo seguinte será sempre próximo ao
percentual de 50% maior que o anterior (para um acabamento perfeito não se
esqueça de contar as passagens).
- Superfície
espelhada (alto brilho): 150; 220; 320; 400 e 600;
- Com a superfície
mais natural: 150 ou 180; 240 ou 260 e 360 (este, com passagem 20% maior que a
do grânulo anterior).
Importante: Não se esquecer
de retirar o pó da área marchetada e, eventualmente, da própria lixa em etapas
estabelecidas por você. Este procedimento é eficaz para um resultado compatível
com o que se pretende.
Após a peça lixada, com uma escova de
cerdas macias, retire todo o pó resultado do procedimento anterior. A seguir,
com um pano levemente umedecido com solvente faça a limpeza total com passadas
rápidas e largas. Após este procedimento pode ser necessário lixar (poucas
passadas – apenas para retirar o “arrepio” dos folheados) com grânulo 360 ou
600, dependendo da superfície desejada.
SELADORA:
A mistura da seladora com o solvente pode
ser em porcentagens iguais, ou em uma parte de seladora para duas de solvente.
A mistura é definida de acordo com o folheado a ser utilizado.
Para o folheado mais poroso dou
preferência à mistura em partes iguais. De
outra forma utilizo-a mais diluída.
A aplicação da seladora e seu resultado
são medidos de acordo com o acabamento pretendido (podendo até finalizar com o produto – mediante várias aplicações até chegar ao resultado
desejado). Eu tenho preferência pelo acabamento acetinado em detrimento ao
excessivamente brilhante. Portanto, na maioria das vezes, aplico 02 demãos.
Sendo o folheado mais poroso até 03 demãos.
Importante: Entre as
demãos de seladora, após a secagem, utilize uma lixa 400: Passe-a levemente -
respeitando os veios - sem retirar o produto, apenas para eliminar “caroços”
que surgem na superfície. A seguir com um pano limpo e seco retire a poeira.
CERA:
Uma grande maioria
utiliza a Cera de Carnaúba (já vem preparada para o uso). Eu prefiro a cera
para Marchetaria que tem a seguinte fórmula:
- Cera de Carnaúba em
estado sólido;
- Parafina;
- Cera de Abelha;
- Aguarrás.
Esta etapa requer
cuidados, pois utilizaremos fogo para diluir as partes sólidas.
Primeira Etapa: Em
partes iguais junte a Cera de Carnaúba, Parafina e Cera de Abelha. Em “banho-maria”
dissolva-as.
Segunda Etapa: Com
aguarrás (muito cuidado o produto é inflamável) despeje em pequenas quantidades,
e com uma colher de pau force a diluição até chegar à consistência desejada.
Terceira Etapa:
Despeje a cera em um recipiente de alumínio; Aguarde seu esfriamento e tampe. A
cera já está pronta para uso.
ENCERANDO AS PEÇAS:
Primeira Etapa: Após
a secagem da seladora, que ocorre em média (dependendo da temperatura ambiente e grau de umidade)
por 30 minutos. Utilize os seguintes procedimentos:
- Preparação da
“boneca”: Corte o tecido (dou preferência ao algodão), que não produza fiapos
ou outros detritos que possam arranhar as peças, com as seguintes dimensões:
250mm x 250mm;
- Com a ponta de uma
faca ou espátula retire uma quantidade de cera proporcional à área a ser
encerada. Deposite no centro do retalho. Junte as pontas de forma que se possa
fazer um torniquete, vá torcendo até a cera sair pelos poros do tecido. A
boneca pode ser reutilizada. Portanto, guarde-a no próprio recipiente onde é
armazenada a cera.
- Passe como se
estivesse escrevendo a letra ”e” – minúscula.
A seguir, passe em direção aos veios da madeira. Espere secar. Na
maioria das vezes uma demão é suficiente para se obter uma leve camada. Mas, dependendo
do folheado pode ser necessária uma segunda demão.
- Após a secagem com
uma escova (daquelas utilizadas para engraxar sapatos) com cerda dura passe até
o excesso de cera desaparecer da superfície. Dê o brilho com uma flanela limpa
e seca (prefiro meias em malha de algodão que encaixam perfeitamente na escova
produzindo um melhor resultado e com menos esforço).
Existem vários produtos para acabamento,
inclusive àqueles onde as peças receberão produtos comestíveis; O citado é o
mais usual e voltado para as peças de exposição interna.
Bastante atenção às
especificações dos fabricantes, principalmente quanto aos itens de segurança.
Utilize equipamentos de proteção e trabalhe em um ambiente bastante arejado.
Não armazene os produtos em ambientes fechados, alguns são passíveis de
combustão espontânea.
Boa tarde, Simone.
Espero ter sido útil e sempre que necessitar, dentro do possível, estarei pronto a repassar informações.
Lembranças de Osvaldo Ururahy.